A
Saúde é uma importante área em que o poder público, apesar de avanços
inegáveis, ainda não conseguiu atingir um padrão mínimo de dignidade no
atendimento às pessoas. Precisamos avançar.
Nos
últimos anos, houve investimentos na atenção básica, com a criação e ampliação
do Programa Saúde da Família, o que, apesar de importante, ainda não foi
suficiente. Ainda observamos, sobretudo em lugares mais distantes dos grandes
centros urbanos, dificuldade no acesso à saúde básica. Essa dificuldade se
deve, principalmente, à ausência de médicos nos postos mais distantes.
Antes
de continuarmos, contudo, precisamos avaliar a situação. Quando existe um
médico na atenção básica, sua missão será essencialmente cuidar da prevenção de
doenças. O médico orientará medidas como lavar as mãos antes de se alimentar,
lavar os alimentos, acabar com focos de criação do mosquito da Dengue, além de
se alimentar de forma saudável.
Além
disso, o médico dará outras orientações preventivas como realizar exercícios
para prevenir doenças cerebrovasculares, não entrar em contato com água
empoçada da chuva para prevenir a leptospirose, não entrar em contato com
mosquitos onde existir esgoto a céu aberto para evitar a filariose, dentre
outras.
O
médico ainda orientará quanto à necessidade de exames, como exames de
colesterol, exames de próstata, mamografia, citologia oncótica, dentre outros
exames, para se identificar fatores de risco de doenças. Orientará ainda quanto
a medicações para as diversas doenças, além de alguns procedimentos como
hemodiálise e cirurgias.
Qual
a consequência de se ter um médico por perto? A população, agora orientada,
cobrará do poder público espaços para exercícios físicos, saneamento básico,
escoamento rápido das águas das enchentes, local onde sejam realizados exames
preventivos e acesso a tratamentos, tanto a remédios quanto a cirurgias e
outros procedimentos. Ou seja, a presença de um médico em uma região carente
pode ser uma grande dor de cabeça para as autoridades locais, principalmente
para o prefeito.
O
modelo atual de gestão de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), tem, como um
de seus pilares, a descentralização dos serviços, ou seja, tende a transferir
para as prefeituras a responsabilidade de execução dos serviços, o que tem
muitos lados positivos. Entretanto precisamos lembrar de todo o ambiente
descrito acima e nos perguntar se realmente o prefeito terá interesse em levar
o médico para uma comunidade carente. Por isso defendo a descentralização dos
serviços da saúde, porém, no que se referir a recursos humanos (médicos e
profissionais de saúde), que haja alternativas a essa descentralização.
Que haja, não apenas profissionais contratados pelas prefeituras, mas também profissionais concursados do governo estadual e do governo federal para atender na atenção básica. E que os médicos tenham suas capacidades técnicas comprovadas, para garantir, não apenas o acesso ao atendimento médico, mas também o acesso ao atendimento médico de qualidade!
Outra
grande dificuldade encontrada na implementação dos conceitos defendidos pelo
SUS se refere a serviços hospitalares de baixa e média complexidade. Sabemos
que os valores praticados pelo SUS para a prestação desses serviços nem sempre
são justos, mas também sabemos que existe uma grande ineficiência de gestão,
por parte do poder público, de hospitais de baixa e de média complexidade.
A
Lei das Parcerias Público Privadas aprovada recentemente permitiu que hospitais
públicos fossem geridos pela iniciativa privada e os exemplos bem sucedidos
dessa parceria se multiplicam pelo nosso país. O maior beneficiado dessa
vitoriosa parceria sempre serão as pessoas, que, em momentos de enfermidade,
muitas vezes, se encontram dramaticamente vulneráveis!
Ademais os hospitais de baixa e média complexidade podem prestar, além dos serviços hospitalares eletivos, serviços de emergência, o que gera redução de custos de implantação de novas unidades de atendimento de emergência, bem como redução no custo de transporte de pacientes, e, sem sombra de dúvidas, melhora o atendimento de emergência para as pessoas e posicionam os hospitais de baixa e média complexidade como pilares estratégicos na prestação de serviços de saúde.
Defendo, portanto, que se criem mecanismos que estimulem as parcerias público privadas para a gestão de hospitais de baixa e de média complexidade, sem tirar a soberania do controle por parte do poder público na negociação (cada estado ou cada prefeitura detentora da unidade poderá negociar sua parceria com independência, porém dentro dos limites legais).
Esses
estímulos poderão fomentar essas parcerias e contribuir para a oferta de
melhores serviços hospitalares, principalmente em regiões mais carentes, como
nas periferias das grandes cidades e nas cidades do interior do estado.
Ajudando a melhorar
os serviços médicos na atenção básica e nos hospitais de baixa e de média
complexidade, contribuiremos para melhorar os serviços de mais de 90% das
demandas médicas e certamente contribuirá para melhorar a vida das pessoas!
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